sábado, 27 de fevereiro de 2010

Continuação E se?

E se a salvação de Israel tivesse sido arquitetada a partir do trono?

Que isso... é uma afronta a soberania de Deus o que vc está propondo? Alhures, alguém poderia dizer. Ao que eu questionaria: por um acaso a soberania de Deus pode sofrer afronta de um homem?

Analisemos:

1. A forma milagrosa como a vida de Moisés foi poupada;

2. Onde ele foi criado;

3. Como ele foi educado (príncipe); e

4. Que possibilidades de ascensão ao trono ele teria.

Um êxodo mais fácil, menos sangrento, menos sofrido, talvez, até mais ‘divino’, mais ‘soberano’, parece se desenhar.

A verdade é que em nossas vidas uma história, muito parecida com a de Moisés, parece se trançar.

Certamente, Deus fez planos para as nossas vidas na eternidade. E do alto de sua onisciência ele trabalhou com todas as possibilidades para nossa existência. Ele não deixou nenhuma de fora, nem mesmo as piores, o que não quer dizer que ele as desejou, ou as determinou para nós.

Mas, fizemos muitas más escolhas. Temos errado, assustadoramente, o caminho. Temos dado “cabeçadas” em várias direções e, às vezes, Deus, por sua misericórdia infinita, até permite que sejamos bem sucedidos, mas o fato é que o deserto tem nos castigado.

No entanto, olhar para a vida de Moisés desta forma, como hoje propusemos, nos dá a tranqüilidade para afirmar que esteja vc hoje como estiver, e onde estiver, por maiores que tenham sido os teus erros – ainda que tenha sido tirar a vida de um homem, como foi o de Moisés, OS PLANOS DE DEUS PARA A TUA VIDA AINDA CONTINUAM INTACTOS, EM SEU PROJETO ORIGINAL, COMO FORAM ARQUITETADOS POR ELE NA ETERNIDADE.

Os planos de Deus para as nossas vidas são imutáveis, A SOBERANIA DE DEUS NÃO PODE SER AFRONTADA POR HOMENS.

Deus pode, ainda hoje, e em qualquer momento que vc decidir por, realizar aquilo que ele planejou para vc.

Fugir para o deserto e continuar andando nele só depende de nós. Podemos ser abençoados lá também, mas existe sempre a possibilidade de experimentarmos o MELHOR de Deus para as nossas vidas.

Forte Abraço,

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

E se?

Não quero fazer uma pregação, quero propor um estudo, na verdade, um esforço hermenêutico sobre uma passagem que, acredito, todos conhecemos sobejamente.

Quero falar sobre Moisés, sobre um pedaço da história de sua vida, mas sob uma nova perspectiva. Possível, ou não, nunca saberemos de fato... quem sabe?

Por isso vamos lançar sobre a história do êxodo o seguinte questionamento: e se...?

E se ela não tivesse ocorrido da forma como narra o texto, poderia ter ocorrido de outra maneira?

Quero dizer, e se Moisés não tivesse assassinado aquele egípcio?

Sim, porque toda a série de acontecimentos que se desencadeiam na vida de Moisés o são como conseqüência deste ato primeiro, ao que somos levados a questionar: era da vontade de Deus que ele matasse aquele homem?

Certamente não.

Podemos fazer essa assertiva tanto tomando por base aquilo que conhecemos de Deus, quanto um princípio hermenêutico antigo, mas ainda válido retirado da obra de Agostinho De Dutricna Cristiana que prescreve que qualquer interpretação feita de uma certa parte do texto poderá ser aceita se for confirmada por outra parte do mesmo texto, e deverá ser rejeitada se a contradisser.

Porém, é a partir daí que temos Moisés no deserto.

Em decorrência de uma má escolha ele vai conhecer o calor e a aridez do deserto. Vai deixar o palácio do faraó para andar errante por uma terra estranha, sozinho e sem esperança.

Contudo, Moisés não deixa de experimentar ali no deserto a providência do Senhor. É ali que ele conhece sua esposa, é ali que ele tem seus filhos, é ali que ele tem um encontro com o próprio Deus, e é ali, também, que ele é chamado para ser o libertador do povo de Israel, alguém poderia dizer.

Mas, e se...

Quero dizer: tudo isso não poderia ter acontecido de outra forma?

E se Moisés não tivesse tirado a vida daquele egípcio?

Não considerar essa hipótese é quase afirmar que Deus precisava, ou mesmo contava com o homicídio cometido por Moisés para que pudesse colocar em prática seu plano para sua vida e para a vida de Seu povo.

Ou, caindo num absurdo ainda maior, mas muito comum em nossos dias, e em algumas de nossas igrejas, poderíamos pensar que Moisés não teria outra escolha diante da “soberania” sufocante do criador sobre a vontade do homem, em última análise.

Se Moisés não tivesse matado aquele homem, provavelmente, ainda o teríamos no palácio.

Continua...

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Ir além!

Daqui a alguns instantes este congresso vai terminar, cada um voltará a sua cidade, a sua casa e aos seus afazeres. O que faremos com tudo aquilo que ouvimos e sentimos?

Temo que tudo se transforme em poeira se não formos capazes de ir além e transcender a realidade que nos rodeia, para focar nossas mentes naquilo que realmente importa e para o que fomos criados.

“Mas a mulher de Ló olhou para trás e se transformou em uma estátua de sal.” Gn 19.26.

Certamente esta é uma história muito conhecida de todos nós, mas eu gostaria de rever alguns pontos dela com vocês.

Talvez você esteja se perguntando: o que isso tem a ver com ir além, com transcender? Tá vendo, outro problema dos nossos dias, impaciência, imediatismo.

Vamos ao texto, Ló, segundo a maioria das nossas traduções, sobrinho de Abraão, havia se mudado para Sodoma com toda sua família depois de toda aquela situação que estava se desenhando entre os pastores do seu rebanho e os dos rebanhos de Abraão, já que eles haviam crescido demais e a mesma porção de terra não dava conta dos animais de ambos. Gn 13.8.

Os habitantes de Sodoma eram extremamente perversos como o v. 13 deste capítulo nos informa.

Algum tempo depois de Ló estar ali em Sodoma, não sabemos precisar o quanto, os reis de Sodoma e Gomorra se unem a outros reis para ir a guerra, mas perdem a batalha e são feitos prisioneiros.
Levados cativos, Abraão vai ao socorro deles por causa de Ló, e os liberta, mas não fica com nenhum despojo de guerra.

Muito bem, é nesse contexto que as Escrituras nos apresentam o episódio da destruição de Sodoma e Gomorra. Quando os anjos chegam até o portão da cidade de Sodoma encontram Ló. O que ele fazia ali? Ló – tornara-se, provavelmente membro do conselho diretor da cidade, talvez por suas posses, talvez em gratidão pelo livramento na guerra.

Os membros do conselho diretor de uma cidade, naquela época, se posicionavam em sua entrada, exatamente em seus portões, quando não em uma praça, e estes lugares serviam de centro administrativo e judiciário. Talvez lembrar de onde Absalão se posiciona para receber as pessoas que iam até seu pai, Davi, quando conseguiu usurpar seu trono nos ajude a aceitar mais essa idéia. Então, é provável que por este motivo os anjos tenham ali encontrado Ló.

Os homens de Sodoma, entretanto, quando ficam sabendo do acontecido, dos mais velhos aos mais jovens cercam a casa e exigem que Ló entregue os anjos para que tivessem relações sexuais com eles. Não por acaso, a pratica homossexual masculina ainda hoje é conhecida como sodomia.

Ló oferece as suas duas filhas, que ainda eram virgens para que eles fizessem com elas o que bem entendessem, mas sua proposta é recusada e Ló agora também seria vítima da violência daqueles homens que o empurram, para avançarem em direção a porta de sua casa.

Os anjos o puxam para dentro de casa e ferem os homens de Sodoma com tamanha cegueira que não são capazes de chegar à porta e, nesse ínterim, Ló é avisado do propósito da visita e questionado sobre se ele teria mais alguém na cidade entre parentes, ou mesmo seus futuros genros a quem gostaria de avisar.

Ló procura seus genros, mas eles não lhe dão ouvidos, acham que ele está brincando. Não o levaram a sério e acabam perdendo a vida pela brincadeira.

Hesitação

Como se os anjos permanecessem insistindo, dada a eminência da destruição, foi a vez de Ló recalcitrar, Ló hesitou.


Penso que aqui podemos fazer uma primeira pausa para nos identificarmos com Ló, porque de algum modo também estamos acostumados a pregarmos a mensagem a outras pessoas e, muitas vezes, sermos levados na brincadeira.

Diante disso nossa postura quase sempre é dizer: tudo bem, lavo minhas mãos! Mas essas pessoas estão perdendo suas vidas!

Acho que a pergunta deveríamos nos fazer é: por que as pessoas não nos levam a sério? Talvez porque nós mesmos, como Ló, não estejamos convictos daquilo que pregamos. Como queremos que nos levem a sério se nós mesmos não temos segurança daquilo que falamos, se nós mesmos não estamos dispostos a levar a mensagem que pregamos às últimas conseqüências e deixar nosso modo antigo e vazio de viver? Como os outros estarão? Nosso discurso não convence, nem a nós mesmos!

Por hesitar os anjos lhes tomaram pelas mãos e à força os tiraram da cidade.

Já do lado de fora da cidade, a caminho de Zoar, a mulher de Ló depois de ter sido avisada para não fazê-lo não agüenta e olha para trás, por quê?


Com certeza na hesitação de Ló e na desobediência de sua mulher estão as grandes lições dessa história.

Então pensemos, por que eles não queriam deixar a cidade?

– Pelo que eles deixavam para trás.

Muito bem, o que eles deixavam para trás?

“Tudo”. Casa, mobília, algum gado, roupas, suas ocupações, algumas amizades, que não eram lá grande coisa já que não vemos ninguém se opondo e apoiando a Ló na situação com os anjos (os homens da cidade eram perversos), SUA ROTINA, aquela mesma que muitas vezes os massacrava e consumia, tal como as nossas.



E a mensagem que nos foi pregada e que pregamos, em essência, é outra?! Por acaso também não somos desafiados, instados a deixar tudo e seguir Jesus. A transcender a realidade da rotina, das pré-ocupações com vida?



Não deveria nos espantar o mau juízo dos genros de Ló, sua hesitação ou mesmo a desobediência de sua esposa, porque também somos assim!

Ou como temos ouvido principalmente agora no início do ano: ANO NOVO, VIDA NOVA, CERTO? VOCÊ TEM CORAGEM?



Olhar para trás.

Nada na história de Ló e de sua família deveria nos espantar, porque ela tem se repetido na minha e na sua história. Deus tem agido assim conosco querendo nos tirar de uma situação, desgastante, insustentável, dessa vidinha medíocre que estamos habituados a viver, nos desafiado a caminhar rumo a vida, a deixar a morte e a destruição para trás, a percorrer um caminho excelente, um caminho de salvação, mas não estamos muito certos disso, não estamos preparados para transcender, depois de tanto tempo vivendo nessa situação nos habituamos a ela e, em alguns momentos, até gostamos dela.

Parece que o que aconteceu conosco é algo parecido com isto. (Imagem de um pássaro que não pode voar)


Não fomos criados para isto, mas o tempo parece que nos fez esquecer. Na verdade o nosso distanciamento de Deus nos fez esquecer, outros sequer são ainda capazes de lembrar, nunca viram, nunca foram tocados pela graça e misericórdia, nunca transcenderam.


Tudo bem, o que é transcender?

Vamos ver se identificamos visualmente. Imagens: homem voando, base espacial internacional e acelerador de partículas.

Qual delas representa o transcender de que estamos falando? Todas?

– Nenhuma.

Isso não é transcender, isto é fazer aquilo que podemos e, de certo modo, fomos criados para fazer. Todas essas coisas ajudam a compor quem somos, mas não deveriam nos definir. É quando essas coisas nos definem que somos consumidos, e massacrados pela rotina.

O transcender a que queremos nos referir é o transpor as barreiras da individualidade e do egoísmo, das pré-ocupações da vida. É enxergar e agir pelo outro, é ser tocado pela eternidade, ir além.

Isto é transcender. Imagem solidariedade, oração.

Em nenhum das imagens deixamos de ver o homem agindo, se eximindo de sua responsabilidade, fingindo que aquilo não lhes toca, não lhes diz respeito. Transpondo ou mesmo culpando a Deus por aquilo que é sua parte e está em suas mãos fazer.

Se assim fosse faríamos coro com tantos que vêem na religião um sobressalto a realidade, dentre eles talvez um dos mais famosos, Marx em sua obra clássica “On Religion” em co-autoria com Engels.



Quem de nós poderia culpar Ló ou a sua mulher, foi por sua incapacidade de enxergar mais do que o que lhes rodiava, de deixar casa, roupa, mobília, alguns falsos amigos, e até mesmo sua ROTINA que ele hesitou e ela olhou para trás. E nós não olharíamos?

CONCLUSÃO

Certamente Deus tem muitas vezes nos convidado a ir além da realidade que nos cerca, a transcender o comodismo de nossas gaiolas, que nos tem feito esquecer para que fomos criados ou mesmo quem nos criou. Porém gastamos muito tempo duvidando (como os genros de Ló), hesitando (como o próprio Ló) e por isso muitos de nós tem perdido a vida, por tanto olhar para trás e deixar-se prender e consumir pelo passado e pelas coisas (como a mulher de Ló).

Queria orar com você nessa noite que tem se sentido ou estado preso ao passado, que tem repassado as lembranças de sua vida e sido consumido por elas, que está preso a uma ROTINA de hábitos, trabalho, ou lembranças. Este é um novo tempo e o Senhor te manda hoje os seus anjos lhe apresentarem uma nova proposta, não leve na brincadeira, agarre-a, confie, não olhe para trás, independentemente do que você esteja deixando, lembre de Ló, o que é realmente essencial ele levará com você, seu marido, sua esposa filhos e filhas, até mesmo os genros!

Entrementes, se ainda assim você não é capaz de sair do lugar vamos orar para que o Senhor nos tome pelas mãos e nos socorra como ele fez com Ló e sua família.

Amém.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Coisa de Fraco

Rm 14. 7, 15, Cap 15:2 Eu estou convencido pelas Escrituras de que a liberdade do cristão só é plena quando compartilhada..., pelo menos, pela comunidade de fé a que pertence.

Afinal, como posso estar livre se meu irmão está preso? Como posso ir a todos os lugares se meu irmão os condena e abomina? Como posso comer e beber de tudo se meu irmão se escandaliza? Enfim, como posso fazer de tudo se isso destrói (a fé d) o meu irmão?

Para usar uma figura a que sempre recorro, como posso voar, se meu irmão ainda vive em uma gaiola?

Alguém poderia pensar, cara seu irmão é um “saco”! Às vezes é mesmo, mas ele é seu irmão também, quer dizer, é um saco que você também está obrigado a carregar – obrigado a carregar.

Muitas vezes olhando para Igreja Católica me admira sua unidade, quando entre nós há tantos guetos, tantas denominações, tantas divisões. Sei que essa unidade da igreja universal (católica) é nominal, porque existem muitos movimentos aos quais ela abraça contrariada, mas entre nós nem assim!

Diferentemente do que pregamos, ou do que deveríamos pregar, não somos capazes de abraçar o que é diferente, não somos tolerantes com aqueles que pensam em algo ou em algum ponto diferentemente de nós, ele não é bem-vindo, ainda que Cristo tenha morrido por ele também.

Quanta ignorância! Isso mesmo estamos diante de um problema de conhecimento, ou melhor, de falta dele.

O que poderia ser nossa bandeira, graça e força – unidade na diversidade, multiplicidade de membros em um mesmo corpo, tolerância, respeito, expõe nossa fragilidade.

Tem sido o motivo de nossa ruína e enfraquecimento, mais que isso tem nos causado vergonha e escândalo ao nome de Cristo.

Em meio a isso tudo acho curioso que muitas vezes nos metamos em questões muito mais complexas como o diálogo inter-religioso, quando não damos conta nem de um diálogo inter-denominacional, não raras vezes nem intra-denominacionalmente somos capazes de nos entender, que o diga o conselho da CBB.

O primeiro é mais bonito, pomposo tem mais repercussão, mas o segundo é que nos autoriza a participar do primeiro, caso contrário seremos eternamente motivo de chacota.

Um corpo dividido não tem força, um reino dividido não pode prevalecer. Como pode Jesus expulsar demônios em nome de Belzebu? Mc 2

Vivemos um problema de conhecimento, um momento de crise entre aqueles que se dizem cristãos, mas que não tem nem idéia do que isso na verdade venha a ser. Se soubéssemos nossa cidade, nosso país seria outro, haja vista o número daqueles que se dizem cristãos e ostentam em seus automóveis e pertences dizeres dos quais ignoram o verdadeiro significado.

Não teríamos orações que abençoam propina, nem dinheiro não declarado, não esconderíamos valores nas meias e cuecas, andaríamos de rosto limpo, com a cara limpa. Como filhos da luz. Ef 5:8

Uma crise velha, sempre nova.

A multiplicação descontrolada de igrejas e denominações que a Reforma startou..., no séc XXI não nos leva mais a Bíblia como um dia levou. Temos pressa para ter, temos preguiça de ler, não temos tempo para aprender, há um concurso, uma oportunidade de emprego, uma viagem, um curso que imprescindivelmente precisamos fazer, como resultado somos especialistas, mestres e doutores em tantas coisas, porém reféns da política mercantilista dos milagres, das fórmulas e dizeres mágicos de oportunistas, falsos profetas, que enriquecem oprimindo o pobre, matando e roubando os órfãos e as viúvas e que um dia ouvirão da boca daquele em nome de quem, supostamente operaram sinais e prodígios: afastem-se de mim, não vos conheço e arderão no fogo do inferno. Mt 7:22,23

O preço da ignorância é a manipulação. Sempre foi, sempre o será. Ainda que de mestres e doutores, engenheiros e advogados, médicos, juízes e procuradores. Enquanto o que nos levar a igreja for o mesmo que nos leva às lojas do shopping: o desconto, a facilidade no pagamento, a liquidação do milagre.

Eis o cenário da destruição. O habitat para que surjam novas revelações, as profetadas, as heresias, doutrinas de homens, EGOlogias (criei essa), etc.

Peguemos as nossas bandeiras e as armas, está em cartaz o fundamentalismo religioso, a guerra santa. A intolerância, o ódio, ...

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Filiamo-nos a doutrinas e a pessoas, personagens, personalidades como deveríamos nos filiar a Bíblia e a Cristo.

Sou adepto da teologia da prosperidade, sou arminiano, sou calvinista, sou batista, sou assembleiano e você, o que é? Nada.!? Como ousa me questionar? Cada um tem a sua verdade, vivemos a pós-modernidade, o relativismo das formas e das normas, o caos.

Nessa confusão quem é cristão? Talvez nenhum de nós. O que me faz lembrar a situação vivida por Paulo em ICo quando uns se apresentavam como partidários de Apolo, Pedro, Cristo, ou do próprio Paulo.

O mais santo, o mais certo é aquele que menos faz, que mais se abstém, que mais censura e reprova, o mais chato, o mais fariseu, o mais morto, o mais religioso, o mais “crente”?

Onde ficou o ensino da diversidade de dons para edificação da igreja, onde ficou a arga-massa do corpo – o sangue de Cristo derramado de uma vez por todas e por todos nós?

Se o falar em línguas não cabe no meu “potinho” o assembleiano não é de Deus, se o arbítrio é livre Deus não é soberano, se o arbítrio é escravo Deus é ditador, se eu guardo o sábado eu sou legalista – quem é você que julga o servo alheio?

Rotulamos a nós mesmos e terminamos por rotular a Deus. Engessamos a nossa fé aos limites do que nos é aceitável, Como se Deus pudesse ser contido. Restringimos a atuação de Deus ao que a nós parece ser possível, conveniente. Quão estúpidos e presunçosos nós somos.

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Por outro lado,

Como é bom saber que apesar de tudo isso os atributos invisíveis de Deus, o seu eterno poder e a sua natureza divina (Rm 1:20) continuam intocados pela nossa ignorância. Parafraseando Rubem Alves como é bom saber que Deus é como um rio de águas sempre limpas e puras a despeito da “lama” que jogamos nele a todo instante.

Você que não se afina conosco nessa igreja, nessa denominação, cai fora, como dizem, vai procurar a sua turma, seja feliz lá, não pense que Deus te vocacionou para ser O cristão no meio de cristãos. Exerça sua liberdade, viva a sua fé com os outros tantos que comungam dela com você. Não devemos ser pedra de tropeço para o outro, nem ficar julgando o outro, sei que é isso o que Paulo está nos ensinando no vs 4,10,12,13

Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente. Vs 5b

Seja feliz, experimente a plenitude da sua liberdade no meio da sua comunidade, quer dizer em meio àqueles que pensam e agem como você. Lá você não será motivo de escândalo nem se escandalizará com ninguém.

Afinal o Reino de Deus é paz, alegria e justiça no Espírito Santo. Rm 14:17 e 15:13

Se chegar a conclusão que essa comunidade não existe repense sua vida, sua postura, muito provavelmente você é o problema, a doença. Afinal em meio a incrível diversidade denominacional que temos não é provável que o Senhor tenha resolvido revelar-se novamente e especialmente apenas a você. Isso não é bíblico.

E nós outros que ficamos também baixemos nossa bola, nossa guarda, lembremo-nos do que diz o vs 12, 13 cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus. Portanto, deixemos de julgar uns aos outros. Em vez disso, façamos o propósito de não colocar pedra de tropeço ou obstáculo no caminho do irmão.

Alcemos, cada um de nós, os vôos que somos capazes de alçar. Não invejemos, nem critiquemos os vôos de nossos irmãos.

Coma a carne, beba o vinho, faça de tudo?, mas...

“cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente” Rm 14:5b

“seja qual for o seu modo de crer a respeito destas coisas, que isso permaneça entre você e Deus. Feliz é o homem que não se condena naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvida é condenado se comer, porque não come com fé; e tudo o que não provém da fé é pecado.” Rm 14:22,23

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Feridas Abertas

Uma ferida aberta nunca sara Pelo contrário ela está sempre exposta a tudo e a todos. Revelando nossa fraqueza, nossa vulnerabilidade. Quem a vê, já sabe onde nos atacar, quem a conserva vive tentando se defender. E pra se defender tem que estar sempre bem armado, atento, observando e interpretando as intenções do outro, possíveis opositores (adversários). Por isso quem tem uma ferida dessas nunca está à vontade, aberto ao outro, nem poderia porque se sente e de fato está exposto, vulnerável. Está fadado a viver a superficialidade da vida porque até mesmo a pétala de uma rosa que se atreva a tocar na ferida será enxergada como ameaça. Muitas pessoas são como feridas abertas. As vezes, muitas vezes, fazemos questão de deixar as feridas abertas, talvez por tudo que sofremos um dia, ou pelo tanto, que de tantos já apanhamos. Nesse caso, elas podem servir de eterna, dolorosa e, portanto eficaz lembrança das desgraças de nossas vidas no frenesi de que assim as próximas feridas possamos evitar. Na verdade nesse caso nos tornamos reféns do passado, da dor, do mal, amargos e enclausurados por um casco de sofrimento. É melhor deixar a que as feridas se fechem. QUE VENHAM AS CICATRIZES. Há quem também as tema por pura questão de estética, vaidade talvez. Mas melhor que as feridas abertas as cicatrizes são na pele de um guerreiro as marcas de suas batalhas. Marcas nem sempre de honra é verdade, mas que com certeza moldaram seu caráter. As feridas cicatrizadas não doem, quem aponta pra minhas cicatrizes pode até me envergonhar, mas com certeza não pode me ferir. Já sofri aquela dor, já caminhei por aquele deserto. Vi o sangue ao seu redor coagular e formar uma casca dura que depois de um tempo inexplicavelmente, mas não insensivelmente deu lugar a uma nova pele. E ai eis uma outra questão: NOSSO TIPO DE PELE. Em alguns as cicatrizes são mais feias a pele parece não reagir bem ao corte, já em outros elas simplesmente se fecham e muitas vezes não somos nem mesmo capazes de identificar o local onde outrora a ferida. Sim, esse tipo raro de pessoa existe, mas o fato de não conseguirmos identificar as cicatrizes não significa que essas pessoas não as tenham, pois parto do pressuposto de que não há aquele que tenha vivido que não tenha se ferido. O que teria pois a pele daqueles que com eles isso acontece, senão uma profunda intimidade com o amor de Cristo? Mas voltando as cicatrizes normais, incomodas e feias, direi o óbvio: quanto maiores e mais feias elas forem maior o tamanho das batalhas travadas. Ledo engano, o tamanho das feridas de que me proponho falar, podem não estar ligadas ao tamanho das batalhas que a originaram. O TAMANHO DAS FERIDAS DE QUE ME PROPONHO A FALAR, SÃO DO TAMANHO QUE DAMOS A ELAS. Muitas vezes podemos ser como Don Quixote de La Mancha, sim, muitas vezes podemos ser como o protagonista do clássico de Cervantes, travando batalhas imaginárias contra adversários imaginários, quem nunca fez isso? Quem nunca lutou com quem sequer sabia do que se passava em nossos corações? Mas engana-se o que pensa que esse tipo de batalhas também não deixa marcas, porque elas deixam, ah se deixam. O adversário é imaginário, não as ações e os sentimentos em jogo, confirme o que digo e volte-se ao fim daquele que lutou com um moinho. Sabe gente, o melhor é que venham mesmo as cicatrizes, por tudo aquilo que já dissemos, mas também porque, certamente, a pele que nascerá é mais forte do que pele que a deu lugar. Deve ser melhor estarmos vulneráveis as lembranças do que superamos, quando nos apontarem as cicatrizes em nossos corações, do que expostos ao sofrimento eterno de chagas abertas. Você pode, e eu diria, você, provavelmente, vai se ferir novamente, é natural. Mas não é natural deixar a ferida aberta Que venham as cicatrizes.