quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Bíblia, Antigo Testamento


A palavra Bíblia vem de biblos, termo grego que designava as cascas de um papiro utilizados como papel há muitos anos atrás. Biblos, quer dizer livro em português. O papiro são as cascas ou as folhas de uma planta que, uma vez prensada, era enrolada para formar um rolo. Ele foi começou a ser usado por volta de 2100 a.C. Como a Bíblia se divide? Em Antigo e Novo Testamento. A palavra testamento é uma tradução de palavras hebraicas e gregas e significa aliança, pacto ou acordo. A Bíblia, de uma maneira geral, fala, portanto, de duas alianças: uma antiga e uma nova. O Antingo e o Novo Testamento. Quantos livros tem a Bíblia? 66. E o AT? 39. A Bíblia toda demorou quase 6 mil anos para ser escrita, só o AT levou quase 2 mil anos para ser concluído. Ela, originalmente, não era dividida em capítulos e versículos, como é hoje. Essa divisão foi feita para facilitar o seu estudo, primeiro a dividimos em capítulos e depois em versículos. Por volta de 400 a.C., ainda na época do profeta Neemias, o Antigo Testamento já tinha todos os 39 livros que o compõe. As cópias mais antigas que temos do Antigo Testamento datam do século IX d. C.
A Bíblia é o livro sagrado dos cristãos. O que é “sagrado”? É tudo aquilo que se relaciona com Deus, ou com a divindade. No caso da Bíblia ela é sagrada porque é a Palavra de Deus (ou contém a Palavra de Deus). Nela Deus se revela, isto é, se apresenta, se mostra, se dá a conhecer aos homens. Parte da Bíblia também é sagrada para os judeus. Que parte é essa? O Antigo Testamento. Eles chamam a Bíblia deles de Tanakh. A palavra “tanakh”, na língua hebraica, é um acróstico das palavras Tora (lei), Nebhiim (profetas) e Kethubhim (escritos), as 3 divisões do cânon judaico. Por que eles não crêem na Bíblia toda, isto é, no Novo Testamento também? O povo judeu é um povo muito antigo e sofrido. Eles foram perseguidos, ao longo da história da humanidade, por diversas nações, entre eles os: egípcios, assírios, babilônicos, persas, gregos, romanos etc. O Antigo Testamento conta essas histórias. Em tempos modernos até mesmo Hitler os perseguiu e os quis exterminar. Por tudo isso, os judeus começaram a sonhar com um Messias, isto é, um salvador mais parecido com um rei, ou um presidente que assumisse o governo da nação e através do poderio bélico e divino os libertasse do Império Romano. No entanto, quando Jesus começa a pregar ele diz que o Reino de Deus, o seu Reino, não é desse mundo, ele começa aqui, mas é mesmo para a eternidade. Ele diz que veio para libertar, não apenas o povo judeu, mas toda a humanidade do pecado e da morte eterna. Quando eles ouviram e entenderam a mensagem de Jesus não puderam aceita-la. Por isso não aceitam nem Jesus, nem o Novo Testamento, que fala sobre a sua vida.
O Antigo Testamento é dividido entre: lei, poesia, história e profetas (maiores e menores). Há quem questione essa divisão, adotando uma classificação entre lei e profetas ou, lei, profetas e escritos.

LOGUS

“No princípio era Logus, e o Logus estava com Deus, e o Logus era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.” Jo 1,1-4

O Logus na Grécia Antiga
Esse termo não é eminentemente cristão, ele, também, faz parte da cultura da Grécia antiga, mormente da filosofia grega, sendo utilizado por filósofos como Sócrates e Platão, por volta de 300 ou 400 a.C., na tentativa de explicar a razão universal, a razão da criação, da divindade.
Os gregos usavam o termo não apenas no tocante à palavra falada, mas também em referência a palavra ainda na mente, sem ter sido proferida – a razão. Quando a aplicavam ao universo, referiam-se ao princípio racional que governa todas as coisas.
O Logus na cultura judaica 
Os judeus por outro lado, usavam-no como meio de se referir a Deus, ou a ação criadora de Deus. De forma que aquilo que os filósofos gregos chamavam de razão universal, os judeus chamavam de Deus.
O que tem causado espanto a alguns estudiosos, no entanto, é a proximidade conceitual do Deus uno da cultura hebraica com a “Razão Universal” da erudição grega.
Tal proximidade tem levado muitos a crer que, em algum momento da história antiga, os filósofos gregos tiveram contato com os escritos hebreus, talvez, durante o cativeiro egípcio.
Se, porém, como afirma Paul Tillich, Deus é símbolo pra Deus, talvez consigamos chegar a um lugar comum nessa discussão.  O que os filósofos gregos definiram como Razão Universal, os judeus chamaram Deus.
João
O evangelista João encontra no logus uma maneira de descrever a relação entre o Deus-Pai e o Deus-Filho, empregando termos filosóficos correntes. E é isso que encontramos em Jo 1.
João se apropria de um conceito popular de sua época, para, assim, popularizar a Verdade cristã.
Para ele, o Logus realmente é a palavra, é o verbo em ação, descrevendo a razão de Deus em movimento na encarnação, o Deus-Filho, JESUS CRISTO, se fazendo homem e habitando entre nós.
Pouco tempo mais tarde, alguns pais da igreja conhecidos como apologistas percorreram caminho similar.
Para esses autores do II século d.C., o cristianismo era a única verdadeira filosofia, substituto perfeito para a filosofia dos gregos e a religião dos judeus, que não podia apresentar repostas satisfatórias às perguntas cruciais dos homens.
A teologia do Logus pode significar um primeiro esforço na tentativa de elucidar os ensinamentos cristãos com o auxílio de terminologia filosófica contemporânea. Uma tentativa de conexão entre a teologia e a ciência.

Bibliografia
W. G. KUMMEL Síntese Teológica do NT
Helmut Koester Introdução ao NT
Franklin Ferreira História da Igreja
Bíblia de Estudo NVI

domingo, 26 de dezembro de 2010

Tentações


Cuidado, aquilo que algumas vezes atribuímos a Deus pode não ser obra de suas mãos.


O relato da tentação (Mt 5, Mc 1 e Lc 4) nos diz que Jesus havia passado quarenta dias em jejum. Era, portanto, extremamente natural que desejasse comida. Sendo assim, na primeira tentação, a proposta não poderia ser outra senão que transformasse pedras em pão.
Nada mais convenientemente ardil e diabólico.
Ora, que dificuldade teria Jesus, sendo ele o Filho de Deus, o próprio logus por trás da criação, em transformar pedras em pão? Nenhuma.
Porém, não há milagre algum em viver, desejar e fazer o que os outros fazem, em ser aquilo que esperam de nós. O milagre está na capacidade de surpreender, positivamente, a humanidade, transcendendo seus paradigmas, sua (cosmo)visão.


Quando Jesus responde que nem só de pão viverá o homem, ele está dizendo que não apenas daquilo que se vê, que se espera, que se pode apalpar, daquilo que é material, imanente, humano, viverá o homem, mas também da Palavra, do ‘sonho’ de Deus, da vontade do Criador para as suas criaturas. Ele está mostrando que, ainda que com dano próprio, ainda que precise negar a si mesmo, seus desejos, suas vontades, ou mesmo suas necessidades, se submete inteiramente à soberania de Deus, porque confia e espera nelE. Nele não há contradição, nem sombra de variação, já o nosso coração é enganoso e, por isso, muitas vezes temos atribuído a Deus atos que não são dele, algumas vezes, temos agradecido, como se bênçãos tivéssemos recebido, quando na verdade aquilo que recebemos é laço e maldição.


Não pode vir de Deus proposta alguma que nos desvie dos seus projetos para as nossas vidas. E o propósito de Deus para vida de Jesus, naquele momento, envolvia passar pela tentação e não procurar subterfúgios para dela se evadir! Os caminhos mais fáceis e os atalhos, nem sempre são os melhores caminhos. Eles podem nos privar de valiosas lições que nos levariam à maturidade, à perseverança, à fé. 


A segunda tentação também nos fala de algo absolutamente desejável, aprazível – as riquezas.
Pelos padrões deste mundo o ser é medido pelo ter, então, nada mais natural, que o que deseja ser, tenha, ou queira ter.
Contudo, o padrão ideal a que Jesus se refere na primeira tentação não é o padrão deste mundo. Definir o ser pelo que tem ou não tem é transferir o centro de nossas vidas para as coisas, para os objetos, para Mamon, não para Deus. Não se pode servir a dois senhores. Adore somente a Deus.


Na terceira e última tentação desvendamos outra estratégia muito eficaz e utilizada por Satanás em todos os tempos – pegar trechos isolados da Palavra de Deus e dar a eles uma interpretação que acomode nossos caprichos.
Muitas vezes, temos sido tentados e enganados pela utilização enviesada da Palavra de Deus feita por alguns ‘pastores’ ou por nós mesmos.
Desse erro surgem heresias tamanhas, tais quais: se sou filho do dono do ouro e da prata, logo não posso passar por dificuldades financeiras. Se Deus me colocou por cabeça e não por cauda tenho que exercer uma posição proeminente na sociedade, não posso ficar doente, trabalhar em qualquer coisa, agüentar desaforo e por aí em diante.
Essas são aspirações humanas, tem cheiro e jeito de homens, que podem nada ter a ver com os propósitos de Deus para as nossas vidas. Se há alguma dúvida volte-se para o estilo de vida adotado por Deus-Filho quando se fez carne e habitou entre nós. Quanto glamour!?
Imagina se Jesus tivesse “tomado posse” de uma profetada dessas? O que seria de nós? O que seria da nossa salvação?
O que Jesus nos ensina é que aquele que quiser ser o maior deve ser o servo de todos. Ele mesmo foi o servo sofredor, andou com os pobres e pecadores, não tinha onde reclinar a sua cabeça e morreu de forma dolorosa, numa cruz.
O fato de estarmos tentando levar uma vida segundo os propósitos de Deus não nos dá o direito de tentar a Deus. Não tentarás ao Senhor teu Deus!

Nessas breves linhas, concluo com um alerta meus amigos, é possível que, algumas  coisas que estejamos a atribuir a Deus e contado como benção em nossas igrejas, seja maldição. Como saber? Talvez, responder a essas perguntas ajude.

1.      Isso te afasta ou te aproxima da vontade do Senhor para a sua vida?  
2.      Te faz menos ou mais dependente delE?
3.      Te aproxima ou afasta do teu próximo?
4.      Alimenta teu ego ou tua alma?

Que Deus nos abençoe com discernimento!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Por que investir em Crianças?


“Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais porque delas é o Reino dos céus.” Mc 10.14b

Por que investir em crianças?
Provavelmente a resposta a esta pergunta resultará em alguma afirmação no futuro. E, realmente as crianças são o futuro, mas o futuro do presente da igreja!

Contudo, para aqueles que não tem uma visão de longo alcance ou para aqueles outros que  justificariam eternamente sua inércia no futuro do pretérito, e por isso nunca investiriam nem se preocupariam com os pequeninos, deixe-nos dizer que elas são mais que o futuro próximo – como se isso já não fosse o suficiente, as crianças são o futuro do presente e o presente da igreja.

O futuro do presente indica fatos que acontecem logo depois da fala. É Imediato, urgente, de agora. Afinal, “quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo; e quem me recebe, não está apenas me recebendo, mas também àquele que me enviou”. Mc 9.37

Damos pouca importância às crianças. Quero dizer, quando muito elas são tratadas como um meio para alcançar seus pais, mas nunca como um fim em si mesmas! Estamos mais preocupados em ganhar jovens e adultos. E por isso quase não percebemos que com a dificuldade que enfrentamos para ganhar um adulto poderíamos ganhar 10 crianças!

Ganhar crianças para Cristo é uma questão estratégica para a sobrevivência da igreja. O investimento maciço em crianças significa a certeza de uma igreja forte em um futuro do presente. Significa continuidade, renovação, força, vigor, vida! As crianças podem ser alguém com toda uma vida a oferecer para o Reino.

Afinal, “a mão que balança o berço é a mão que governa o mundo[1]” ou, que controla o destino. As crianças são a herança, o legado da igreja para o mundo. Que tipo de mundo queremos e que tipo de transformação queremos provocar? Devemos começar pelas crianças.
Investir em crianças não é difícil, porque as crianças, diferentemente, de nós adultos se agradam muito facilmente. O que não significa que devamos lhes oferecer qualquer coisa nem que devamos colocar quaisquer pessoas para acompanhá-las, porque o retorno que elas darão pode ser proporcional ao investimento que nelas fizermos. As crianças certamente serão modelinhos de vocês papais, mamães, irmãos e irmãs em primeiro lugar, mas também serão modelinhos de nós pastores, ministros, diáconos e líderes. A questão é: e nós, somos modelinhos de quem?



[1] William Ross Wallace