sábado, 11 de janeiro de 2014

Na direção certa.


Muito bem, talvez o que eu venha a te falar agora, não seja para hoje, seja para amanhã, e eu tenho certeza de que é algo de que depende o seu sucesso em 2014. O título de nossa reflexão é... e o texto...

Trata-se do relato de Jesus andando sobre as águas. Porém, a narrativa de João, assim como a de Marcos não menciona o pedido de Pedro para ir ter com Jesus. E foi, possivelmente, essa ausência que me permitiu perceber algumas coisas que eu gostaria de compartilhar com você.

Antes deixe-me lembra-lo rapidamente do contexto no qual esta perícope foi inserida. Jesus tinha acabado de alimentar uma multidão de 5 mil homens utilizando 5 pães e 2 peixinhos, em Betsaida, segundo Lucas, e eles, convenientemente queriam torna-lo rei, afinal alguém que cura doenças e mata a minha fome pode reinar sobre mim.

Vamos então ao texto.

Ao anoitecer seus discípulos desceram para o mar, entraram num barco e começaram a travessia para Cafarnaum.João 6:16-17
Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha ido até onde eles estavam.
João 6:17
Soprava um vento forte, e as águas estavam agitadas.João 6:18-19
Depois de terem remado cerca de cinco ou seis quilômetros, viram Jesus aproximando-se do barco, andando sobre o mar, e ficaram aterrorizados.João 6:19
Mas ele lhes disse: "Sou eu! Não tenham medo! "
João 6:20
Então se animaram a recebê-lo no barco, e logo chegaram à praia para a qual se dirigiam.João 6:21


1. TOME A DIREÇÃO CERTA.

Os discípulos haviam tomado a direção certa. Não sei se conversaram com Jesus sobre isso em algum momento…, o texto não menciona nada a esse respeito. Ao cair da tarde desceram para o mar, entraram no barco e foram em direção a Cafarnaum.

O ano já começou e, talvez, como os discípulos que se dirigiram para Cafarnaum, você já tenha estabelecido suas metas para 2014, traçado seus objetivos para o ano novo. Posturas que deseja mudar, atitudes que deseja rever, amizades que precisa abandonar, cursos que precisa fazer, comprar uma casa, ou mudar de casa, arrumar ou mudar de emprego, palavras que precisa excluir do vocabulário, enfim. Você já está no barco e ele já está movimento. Possivelmente suas decisões foram acertadas, provavelmente você está no rumo certo, como os discípulos estavam.

2. OBSERVE SUAS COMPANHIAS.

Jesus não estava no barco.
Em algum momento ao anoitecer os discípulos se deram conta que Jesus não estava no barquinho. Suponho que Jesus os havia deixado pouco depois da hora do almoço, retirando-se estrategicamente para o monte, fugindo daqueles que queriam nomea-lo rei.
Acho curioso que a ausência de Jesus tenha sido notada no escuro. Geralmente ausências são notadas à luz do dia, quando é mais difícil se esconder.

Em algum momento este ano, ao escurecer, você, como os discípulos, talvez tenha se dado ou se dará conta de que planejou e está executando os seus planos sem Jesus. Quem sabe as coisas não estejam fluindo ou venham a fluir com a facilidade com que você imaginou. Mudar é geralmente bem difícil, abandonar velhos hábitos é trabalhoso, lutar contra o pecado nos leva, rapidamente, à exaustão. Aquilo que em sua mente estava tão claro e parecia tão possível, tão real, ao anoitecer se transformou em quimera. E é nesse tipo de escuridão que se nota a presença ou, no caso, a ausência de Jesus.

3. PREPARE-SE PARA AS DIFICULDADES.

Soprava um vento forte, as águas estavam agitadas.
Imagino que nessa hora falta de Jesus tenha começado a se materializar em incertezas, dúvidas e medo. Onde está o Mestre? Será que fizemos a coisa certa pegando o barco e indo para Cafarnaum? Não devíamos ter esperado por ele?

Quando o vento sopra forte e as águas ficam agitadas, quando se faz o silêncio é que a ausência de Jesus se personifica em incertezas com relação a nossas escolhas, em dúvidas a respeito de nossas verdadeiras intenções e medo de estar errado, ou que algo dê errado.

4. LANCE FORA TODO O MEDO.

Os dicípulos remaram pouco, 5 ou 6 quilômetros, provavelmente e com muita dificuldade.
As entrelinhas do texto nos permitem supor que já estavam bastante apreensivos, irrequietos. Afinal perceber no mar agitado e à luz da lua a aproximação de alguma coisa só é possível se se estiver bem desperto.

Nos tornamos atentos por medo, não por escolha. Ficamos preocupados e essa preocupação nos leva à ansiedade, ao pânico, terror. Não é preciso estar muito longe para que isso nos aconteça, como eu disse os discípulos haviam remado apenas 5 ou 6 quilômetros de um trajeto de 15. É justamente em começar, que a maioria das pessoas tem dificuldade.

Vencer a inércia e por-se em movimento é geralmente a parte mais difícil do caminho. Vencer o atrito consigo mesmo, com seus próprios dilemas, mas também com outras pessoas, com o ambiente que nos envolve é muito complicado. Já estamos habituados a ele, parece-nos mais natural permanecer ali do que mover-se. Mas fomos criados para a movimento,

Deus não investiu tudo em nós, nos fez novas criaturas para que nos guardemos do mundo em nossas casas. Todavia geralmente somos  nova criatura em velhos lugares, com velhos hábitos, andando com velhas pessoas. Quando olho para mim mesmo nessa situação vejo que isso acontece por um motivo: me amo demais e amo a minha imagem refletida no espelho, pro isso me poupo do incômodo com qualquer coisa que me desgaste. É uma nova criatura, no meu caso, do ano de 1981, em 2014. Entende o que quero dizer?

É como um carro velho, com 10km rodados. Por mais inteiro e bonito que seja ele não combina com o mundo de hoje. Tive a cuiriosidade de pesquisar quais os carros lançados no ano do meu nascimento e vi o DeLorean DMC-12, o carro do “De volta para o futuro" (quem não assistiu esse filme?), mas se esse carro rodasse em nossas ruas hoje todos saberiamos que representa o passado!!!

Me parece ser o caso de muitos cristãos e, consequentemente, de muitas igrejas de hoje, a cara do passado, de um tempo que já não existe, que já não faz mais sentido no século XXI. E ficamos nos perguntando por que as igrejas estão vazias!? Elas não conversam com seu tempo, com suas pessoas. Peter Berger fala com muita propriedade sobre isso em seu livro o Dossel Sagrado, onde diz que toda mudança de cultura exige antes a interiorização de modelos, que dialoguem, que digam alguma coisa aos indivíduos, sem isso eles nunca serão assimilados. Ou, como diria Jung, arquetipos do passado falam com o passado.

Não devemos nos preocupar em rodar pouco, ou em não rodar, em mudar pouco, em ousar pouco, em experimentar pouco enquantonovas criaturas, foi para isso que Deus nos fez novos. No nosso caso quanto mais nos mexermos, quanto mais nos atrevermos a sermos como Cristo e irmos adiante, mais atuais seremos, porque seremos renovados pelo Espírito de Deus. O novo sempre novo! Uma igreja antiga, sempre nova! Um cristianismo sempre atual! Uma mensagem sempre contextualizada, atraente, instigante! Homens e mulheres com uma fé viva, que não vivem de milagres do passado, mas são testemunhas do que Deus pode fazer hoje!! PORQUE É A VONTADE DE DEUS QUE caminhemos EM DIREÇÃO AO FUTURO.

5. NÃO SE APRESSE EM JULGAR.

Jesus foi ao encontro deles.
Era Jesus, mas eles não o reconheceram. Diz o texto que ficaram aterrorizados ao verem aquela cena. Consigo entender isso por tratarem-se de homens. Certeza que um querendo ser mais machão e corajoso do que o outro estavam se esforçando para fingir bem, mas ao verem aquele vulto vindo em direção a eles, andando sobre as águas quem se escondeu se escondeu, quem gritou, gritou, quem começou a orar, orou e quem se… é o que imagino.
Eles vêem Jesus, mas essa visão lhes traz terror.

Nesse estado de excitação os julgamentos tendem a ser precipitados. É preciso ter cuidado, podemos ficar aterrorizados com a benção e dar glória a Deus pela maldição. Nossas avaliações estão prejudicadas, nossas emoções estão à flor da pele. Retroceder, nessas horas, parece o melhor a ser feito!!! São tantas as dificuldades que Deus não pode estar nisso, pensamos. Mas como eu disse eles estavam no caminho certo, só haviam se esquecido, em algum momento, que Jesus não estava no barco, e isso faz toda a diferença! Estavam remando sozinhos, de acordo as possibilidades de suas forças e das condições do mar. Estavam por sua conta.

Preciso demistificar uma coisa. Já ouvi algumas pessoas dizerem que Deus as atrapalhou em um projeto, porque não estavam fazendo a vontade dele. Acho isso um pouco estranho, possível, mas um pouco estranho, o contrário me parece mais provável. Desde quando precisamos de ajuda para nos atrapalharmos com alguma coisa?! Nos atrapalhamos mais sozinhos do que acompanhados. Quando agimos por nossa conta, com alguma frequência, não nos damos bem, aí culpamos a Deus pelo nosso insucesso. Mas se eu tive a ideia, planejei e executei, tudo sozinho e deu tudo errado, COMO A CULPA PODE SER DE DEUS? Ora, assuma as responsabilidades pelas suas escolhas (cabra sem vergonha!).

Voltando ao texto lá vem Jesus andando sobre as águas, aquilo que era uma benção foi motivo de espanto e terror. A vontade de Deus nem sempre se nos apresentará da forma como esperamos, desejamos ou sonhamos. Jesus entrou em Jerusalém de jegue, quando o povo provavelmente o esperava de Mercedes. Precisamos de muita sabedoria para reconhecer a vontade de Deus em nossas vidas e nos mantermos firmes nesse propósito quando as tentações e as dificuldades do caminho chegarem. O impulso de jogar tudo para cima e chamar a benção de maldição e a maldição de benção será forte. Mas a palavra diz: Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Tiago 4:7

Então como discernir a benção da maldição pastor? Tudo aquilo, mesmo a dor ou o sofrimento que te aproxima de Deus é benção e tudo aquilo que te afasta de Deus e dos seus planos para a sua vida é maldição.

Possivelmente a visão do horizonte que se desnuda à frente de alguns aqui nessa manhã os atemorize. Vejo coisas estranhas, pessoas que não reconheço, uma igreja nova, muito moderna, com uns pastorzinhos diferentes, não se desvie do lugar e dos propósitos que Deus colocou em seu coração.

6. RECEBA JESUS EM SEU CORAÇÃO.

Depois que Jesus se identificou eles se animaram a recebe-lo no barco e logo chegaram à praia para a qual se dirigiam.
Depois daquele "Deus nos acuda” Jesus se identifica e sobe no barco. Toda ansiedade, dúvida, incerteza e medo se transforma em alegria. O ambiente se torna leve. Penso que foram o resto do caminho rindo um do outro, mais ou menos assim - "André pulou no colo de Pedro, Tiago se escondeu atrás de João”, etc. E diz o texto que logo chegaram ao seu destino.

Essa é a diferença que Jesus pode fazer na sua e na minha vida. Ele não precisa nos atrapalhar, já nos atrapalhamos o suficiente sozinhos. Mas quando ele entra no barco o clima fica leve, o vento mais pesado se transforma em brisa, a noite mais escura faz-se dia. O tempo passa rápido de tão gostoso que é desfrutar da companhia de Jesus.

O ano mau começou, você já colocou o barco na direção certa, e tomou as decisões corretas, decidiu abandonar posturas, pensamentos, atitudes do passado e deu algumas remadas. Mas, talvez você não tenha convidado Jesus para entrar no seu barco e já esteja ou venha a passar por alguma tempestade durante a viagem. Não desista, mas também não espere o barco ir a pique para convidar Jesus para dentro dele!

7. PREPARE-SE PARA VELHOS ENCONTROS.

No dia seguinte, a multidão que tinha ficado no outro lado do mar percebeu que apenas um barco estivera ali, e que Jesus não havia entrado nele com os seus discípulos, mas que eles tinham partido sozinhos.
Então alguns barcos de Tiberíades aproximaram-se do lugar onde o povo tinha comido o pão após o Senhor ter dado graças. Quando a multidão percebeu que nem Jesus nem os discípulos estavam ali, entrou nos barcos e foi para Cafarnaum em busca de Jesus. Quando o encontraram do outro lado do mar, perguntaram-lhe: "Mestre, quando chegaste aqui? " Jesus respondeu: "A verdade é que vocês estão me procurando, não porque viram os sinais miraculosos, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos. João 6:22-26

Quando perceberam que Jesus não entrara no barco as multidões foram ao último lugar onde ele estivera. Pessoas e situações do passado vão nos procurar em lugares antigos, em lugares em que costumávamos estar é preciso estar pronto para esses encontros.