domingo, 21 de março de 2010

Deus do Caos?

Ao longo das Escrituras encontramos exuberantes manifestações do poder de Deus, manifestações, muitas vezes, tão divinas que chegamos a supor fantasiosas.








Analisando (cuidadosamente) as fantásticas intervenções divinas na história percebemos, entretanto, que todas elas tem um traço em comum: a falência humana. Sejamos mais claros, todas elas são ulteriores a miséria, a desgraça, a falência das instituições e dos seres humanos. Parece que todas são posteriores ao caos!






Cogitar a possibilidade da proposição acima estar correta, supor ou toma-la para si, data vênia, leva-nos a idéia de que a religião pode realmente ser, parafraseando K Marx, o ópio do povo.






O discurso teológico cai como uma luva aos oprimidos, aos injustiçados, aos cansados e sobrecarregados, mas porque não é tão atrativo aos abastados? (perdemos a noção da mensagem?)






Dentro dessa perspectiva dos fatos “deus” pode realmente ser produto do homem, ou melhor de seu intelecto, talvez de seu inconsciente.






Faria o homem uso dessa figura que chamou de “deus” como válvula de escape, como fuga da dura realidade da vida?






Parece loucura acreditar no determinismo daquilo que chamamos “deus”, e basear nossa expectativas em atributos que, supostamente, lhe outorgamos e conceituamos. Tudo isso parece muito mais cômodo do que aceitarmos a dureza de nossos corações.






Cogitamos a possibilidade de todo nosso discurso estar equivocado, ou, sem eufemismos, cogitamos a possibilidade de termos crido e persistirmos em crer em uma mentira?






Somos tão arrogantes em proposições sobre aquilo que julgamos conhecer, conter, entender... quem pois conheceu a mente do Senhor, ou quem foi o seu conselheiro?


Como diria Tillich, “deus” é símbolo para Deus.




(Nosso “deus” pessoal moldado por nossa cultura pode não ser o Deus de fato. O “deus” de nossos conceitos pode não existir)






Entrementes, é muito mais fácil culpar “deus”, do que culparmos a nós mesmos.






Por outro lado, a revelia de Deus, o que pode o homem esperar da vida?


Qual o seu significado e propósito?






Nossas crenças estão intrínseca e indelevelmente ligadas a nossa forma de perceber o que nos rodeia.






Não obstante, retomando o tema acima, seriam esses os motivos do Deus do caos? Seria essa a razão, o motivo das intervenções divinas no mundo dos mortais serem precedidas pela miséria e desespero humano?






Apenas no intuito de substanciar o que já fora dito propomos que se analisem os antecedentes históricos de: Adão, Noé, Jacó, José, Israel (étnico no Egito), Moisés, todo o livro de Juízes, Israel (étnico pós-exílico) Jonas e tantos outros.






São boas as probabilidades de uma resposta afirmativa!






Só é possível saber quem Deus realmente é, e o que ele tem a dizer, quando calamos a voz de nossos egos.






Creio ser por essa mesma razão que milagres são relatados posteriormente ao caos. Se é que podemos assim dizer os milagres são ulteriores as tragédias.


Foi até onde fomos capazes de ir, ou talvez até onde precisamos ir para que a voz de Deus se fizesse ouvir. Ao longo dos tempos quando temos demonstrado toda nossa capacidade destrutiva, Deus tem se revelado e demonstrando toda sua capacidade construtiva e criativa!


Claro que parto do pressuposto de que Deus respeita aquilo com que nos dotou e que para muitos nos torna a sua imagem e semelhança: a racionalidade, o livre-árbítrio. Escolha sem racionalidade é instinto, característica dos irracionais e, racionalidade sem capacidade de escolha é determinismo, condicionamento.






No caos baixamos nossa guarda, nossas defesas, e ficamos mais propícios a Deus, como ele realmente é e não como gostaríamos que fosse.






Assim como o esterco pode gerar vida, os nossos piores erros, nas mãos de Deus podem gerar VIDA. (Malcon Smith)






Se Deus tem feito isso da nossa desgraça, o que não seria . . .

domingo, 14 de março de 2010

Lama Sabactâni parte II

Mas experimentemos inverter um pouco o nosso ponto de vista, será que é Deus que nos abandona?




Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós para que não vos ouça. Is 59.2.


Os nossos pecados nos separam de Deus.


Os meus pecados, os seus pecados te separam de Deus.


Sei que alguém ainda poderia argumentar; mas Jesus não pecou! Como então poderia ele experimentar separação de Deus por causa do pecado?


Correto, mas na cruz Jesus não toma sobre si os nossos pecados?


‘... ele foi traspassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe a paz estava sobre ele e pelas suas feridas fomos curados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.’ Is 53.5,6.


Assim Cristo, morreu pelas nossas faltas e em nosso lugar. Seu sacrifício é substitutivo. É o que encontramos em 1 Co 15.3b,4.


Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras ...


Por nós, Cristo tomou sobre si a maldição da lei.


Cristo nos redimiu da maldição da lei quando se tornou maldição em nosso lugar, pois está escrito(Gl 3.13): Maldito todo aquele que for pendurado num madeiro(Dt 21.23).


Porém, mesmo no momento mais difícil da vida de Cristo, ele não deixa de nos ensinar e inspirar.


Apesar de naquele momento Jesus ter sido culpado pelo pecado da humanidade e por causa disso experimentar a separação de Deus. Sua postura não é de revolta contra Deus, mas de submissão!


Sempre argumentamos, quando deveríamos calar. Perdemos muito tempo discutindo com Deus porque nos achamos muito importantes, nos achamos dignos de que Deus se explique a nós, quando a obediência libera o entendimento. (Rick Waren)


Mas observemos a postura de Jesus ao se aproximar o fim desse momento agonizante nas palavras de Lucas e de João.




Pai nas tuas mãos entrego o meu espírito. Lc 23.46.


Está consumado e expirou! Jo 19.30.


Na cruz apesar das circunstâncias, apesar de todo sofrimento, de toda a injustiça Jesus não discute com Deus, ele se entrega.


Por mais que a realidade dos fatos, aparentemente, neguem as verdades da fé, por maior que seja o nosso desespero, a nossa angústia devemos persistir em crer, devemos, a exemplo de Cristo, teimar em crer.


Porque Deus, certamente, virá em nosso socorro, como o fez com Cristo ressuscitando-o dentre os mortos ao terceiro dia.




Mas talvez você não experimente o "abandono" de Deus por causa do pecado, talvez você esteja se sentindo abandonado por ele simplesmente porque ele te ama!


- Mas como pode ser? Como posso me sentir longe de Deus porque ele me ama?


Porque Deus é Pai e repreende e disciplina os filhos a quem ama. Ele quer que você tenha suas próprias experiências, que você cresça, amadureça, porque nos momentos mais difíceis de nossas vidas tiramos as maiores lições, ou como vi em um filme nossas vidas não são medidas por quantas vezes respiramos, mas por quantas vezes perdemos o fôlego!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Lama sabactâni

Hoje eu quero conversar com aqueles que muitas vezes se sentem distantes, ou mesmo, abandonados por Deus, como o próprio Jesus também se sentiu em determinado momento de sua vida.








Sei que para alguns a possibilidade de que Cristo tenha se sentido desamparado por Deus em algum momento da encarnação pode soar como heresia, contudo lembremo-nos de que não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém, que como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado.”Hb 4.15.






Ou seja, não há heresia nenhuma em dizer, ou pensar que Cristo em algum momento de sua vida tenha se sentido abandonado por Deus, já que ele foi homem como nós e, portanto, sujeito a tudo quanto estamos hoje sujeitos.






‘Humanizando-se, Deus se tornou mais Deus pra nós.’ Leonardo Boff






Mas que momento ímpar seria esse da vida de Cristo? Seria realmente possível que o filho de Deus se sentisse abandonado por seu pai?






Leiamos o texto de Mc 15.34. A narrativa é a mesma de Mt 27.


Eloí, Eloí, lamá sabactâni?


Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?






Lembremo-nos, rapidamente, da morte de Jesus imaginem Jesus na cruz, suspenso pelas mãos e pelos pés, ensangüentado, absolutamente exausto depois de ter sido torturado durante toda a noite, quando, de repente, e provavelmente no momento mais difícil da vida de nosso mestre ele se diz sentir abandonado por Deus. Que respostas daríamos a esse texto?


Que respostas daríamos a nós mesmos?


Será que o nosso Deus nos desampara nos momentos mais difíceis de nossas vidas? E se for assim, vale a pena crer nesse Deus?


CONTINUA...

terça-feira, 2 de março de 2010

Desertos

j,


Estive pensando naquilo que você me disse sobre estar se sentindo meio estranha, de sentir as vezes que falta alguma coisa.

Queria te dizer que todo ser humano é assim. Todos estamos em vários momentos de nossas vidas insatisfeitos, inseguros. E isso não é, necessariamente ruim! Porque é esse sentimento que nos leva a buscar respostas. Quando sentimos que perdemos as rédias (controle) de nossas vidas, se é que um dia as tivemos, é que queremos tê-las.

Contudo, deixa eu te mostrar as respostas que tenho achado!

Esses momentos críticos de nossas vidas são chamados na bíblia de desertos.

Os desertos, não preciso te dizer são lugares bem incômodos, caracterizados pela escassez hídrica e orgânica (falta água, falta alimento), mas não falta vida no deserto.

No deserto somos forçados a decidir: ou sentamos e nos entregamos à morte, ou procuramos uma saída.

Vários personagens bíblicos passaram por desertos em suas vidas. Lembra?

Moisés logo depois de matar aquele egípcio que maltratava um judeu foi para o deserto e lá ficou até Deus lhe chamar para tirar o povo do Egito.

O povo judeu quando saiu do Egito também foi para o deserto e lá ficou 40 anos até acreditarem em Deus e entrarem na terra prometida.

Até Jesus passou pelo deserto, na ocasião de sua tentação!

Pois bem, os desertos são períodos preparatórios, são períodos de amadurecimento, de reflexão.

São períodos de DECISÃO! E decidir não é fácil.

Mas, por essas inquietações que lhe são próprias, os desertos são lugares de intenso fomento intelectual, portanto de intensa vida!

As pessoas tendem a se lamuriarem (reclamarem) no deserto pensando naquilo que ele não oferece, poucas enxergam o que ele realmente é, uma oportunidade, e as que enxergam, geralmente levam muito tempo para tanto!

A MANEIRA COMO ENXERGAMOS O DESERTO ESTÁ DIRETAMENTE LIGADA AO TEMPO QUE PASSAREMOS NELE, VEJA O EXEMPLO DO POVO JUDEU FORAM NECESSÁRIOS 40 ANOS, JESUS PASSOU 40 DIAS.

Assim, acho que a nossa postura deve ser a de enxergar a misericórdia de Deus em permitir que passemos pelos desertos e a de pedir a Ele que nos dê o discernimento necessário para que entendamos onde estamos, tomemos sábias decisões e, se possíveis rápidas.