sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Coisa de Fraco

Rm 14. 7, 15, Cap 15:2 Eu estou convencido pelas Escrituras de que a liberdade do cristão só é plena quando compartilhada..., pelo menos, pela comunidade de fé a que pertence.

Afinal, como posso estar livre se meu irmão está preso? Como posso ir a todos os lugares se meu irmão os condena e abomina? Como posso comer e beber de tudo se meu irmão se escandaliza? Enfim, como posso fazer de tudo se isso destrói (a fé d) o meu irmão?

Para usar uma figura a que sempre recorro, como posso voar, se meu irmão ainda vive em uma gaiola?

Alguém poderia pensar, cara seu irmão é um “saco”! Às vezes é mesmo, mas ele é seu irmão também, quer dizer, é um saco que você também está obrigado a carregar – obrigado a carregar.

Muitas vezes olhando para Igreja Católica me admira sua unidade, quando entre nós há tantos guetos, tantas denominações, tantas divisões. Sei que essa unidade da igreja universal (católica) é nominal, porque existem muitos movimentos aos quais ela abraça contrariada, mas entre nós nem assim!

Diferentemente do que pregamos, ou do que deveríamos pregar, não somos capazes de abraçar o que é diferente, não somos tolerantes com aqueles que pensam em algo ou em algum ponto diferentemente de nós, ele não é bem-vindo, ainda que Cristo tenha morrido por ele também.

Quanta ignorância! Isso mesmo estamos diante de um problema de conhecimento, ou melhor, de falta dele.

O que poderia ser nossa bandeira, graça e força – unidade na diversidade, multiplicidade de membros em um mesmo corpo, tolerância, respeito, expõe nossa fragilidade.

Tem sido o motivo de nossa ruína e enfraquecimento, mais que isso tem nos causado vergonha e escândalo ao nome de Cristo.

Em meio a isso tudo acho curioso que muitas vezes nos metamos em questões muito mais complexas como o diálogo inter-religioso, quando não damos conta nem de um diálogo inter-denominacional, não raras vezes nem intra-denominacionalmente somos capazes de nos entender, que o diga o conselho da CBB.

O primeiro é mais bonito, pomposo tem mais repercussão, mas o segundo é que nos autoriza a participar do primeiro, caso contrário seremos eternamente motivo de chacota.

Um corpo dividido não tem força, um reino dividido não pode prevalecer. Como pode Jesus expulsar demônios em nome de Belzebu? Mc 2

Vivemos um problema de conhecimento, um momento de crise entre aqueles que se dizem cristãos, mas que não tem nem idéia do que isso na verdade venha a ser. Se soubéssemos nossa cidade, nosso país seria outro, haja vista o número daqueles que se dizem cristãos e ostentam em seus automóveis e pertences dizeres dos quais ignoram o verdadeiro significado.

Não teríamos orações que abençoam propina, nem dinheiro não declarado, não esconderíamos valores nas meias e cuecas, andaríamos de rosto limpo, com a cara limpa. Como filhos da luz. Ef 5:8

Uma crise velha, sempre nova.

A multiplicação descontrolada de igrejas e denominações que a Reforma startou..., no séc XXI não nos leva mais a Bíblia como um dia levou. Temos pressa para ter, temos preguiça de ler, não temos tempo para aprender, há um concurso, uma oportunidade de emprego, uma viagem, um curso que imprescindivelmente precisamos fazer, como resultado somos especialistas, mestres e doutores em tantas coisas, porém reféns da política mercantilista dos milagres, das fórmulas e dizeres mágicos de oportunistas, falsos profetas, que enriquecem oprimindo o pobre, matando e roubando os órfãos e as viúvas e que um dia ouvirão da boca daquele em nome de quem, supostamente operaram sinais e prodígios: afastem-se de mim, não vos conheço e arderão no fogo do inferno. Mt 7:22,23

O preço da ignorância é a manipulação. Sempre foi, sempre o será. Ainda que de mestres e doutores, engenheiros e advogados, médicos, juízes e procuradores. Enquanto o que nos levar a igreja for o mesmo que nos leva às lojas do shopping: o desconto, a facilidade no pagamento, a liquidação do milagre.

Eis o cenário da destruição. O habitat para que surjam novas revelações, as profetadas, as heresias, doutrinas de homens, EGOlogias (criei essa), etc.

Peguemos as nossas bandeiras e as armas, está em cartaz o fundamentalismo religioso, a guerra santa. A intolerância, o ódio, ...

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Filiamo-nos a doutrinas e a pessoas, personagens, personalidades como deveríamos nos filiar a Bíblia e a Cristo.

Sou adepto da teologia da prosperidade, sou arminiano, sou calvinista, sou batista, sou assembleiano e você, o que é? Nada.!? Como ousa me questionar? Cada um tem a sua verdade, vivemos a pós-modernidade, o relativismo das formas e das normas, o caos.

Nessa confusão quem é cristão? Talvez nenhum de nós. O que me faz lembrar a situação vivida por Paulo em ICo quando uns se apresentavam como partidários de Apolo, Pedro, Cristo, ou do próprio Paulo.

O mais santo, o mais certo é aquele que menos faz, que mais se abstém, que mais censura e reprova, o mais chato, o mais fariseu, o mais morto, o mais religioso, o mais “crente”?

Onde ficou o ensino da diversidade de dons para edificação da igreja, onde ficou a arga-massa do corpo – o sangue de Cristo derramado de uma vez por todas e por todos nós?

Se o falar em línguas não cabe no meu “potinho” o assembleiano não é de Deus, se o arbítrio é livre Deus não é soberano, se o arbítrio é escravo Deus é ditador, se eu guardo o sábado eu sou legalista – quem é você que julga o servo alheio?

Rotulamos a nós mesmos e terminamos por rotular a Deus. Engessamos a nossa fé aos limites do que nos é aceitável, Como se Deus pudesse ser contido. Restringimos a atuação de Deus ao que a nós parece ser possível, conveniente. Quão estúpidos e presunçosos nós somos.

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Por outro lado,

Como é bom saber que apesar de tudo isso os atributos invisíveis de Deus, o seu eterno poder e a sua natureza divina (Rm 1:20) continuam intocados pela nossa ignorância. Parafraseando Rubem Alves como é bom saber que Deus é como um rio de águas sempre limpas e puras a despeito da “lama” que jogamos nele a todo instante.

Você que não se afina conosco nessa igreja, nessa denominação, cai fora, como dizem, vai procurar a sua turma, seja feliz lá, não pense que Deus te vocacionou para ser O cristão no meio de cristãos. Exerça sua liberdade, viva a sua fé com os outros tantos que comungam dela com você. Não devemos ser pedra de tropeço para o outro, nem ficar julgando o outro, sei que é isso o que Paulo está nos ensinando no vs 4,10,12,13

Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente. Vs 5b

Seja feliz, experimente a plenitude da sua liberdade no meio da sua comunidade, quer dizer em meio àqueles que pensam e agem como você. Lá você não será motivo de escândalo nem se escandalizará com ninguém.

Afinal o Reino de Deus é paz, alegria e justiça no Espírito Santo. Rm 14:17 e 15:13

Se chegar a conclusão que essa comunidade não existe repense sua vida, sua postura, muito provavelmente você é o problema, a doença. Afinal em meio a incrível diversidade denominacional que temos não é provável que o Senhor tenha resolvido revelar-se novamente e especialmente apenas a você. Isso não é bíblico.

E nós outros que ficamos também baixemos nossa bola, nossa guarda, lembremo-nos do que diz o vs 12, 13 cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus. Portanto, deixemos de julgar uns aos outros. Em vez disso, façamos o propósito de não colocar pedra de tropeço ou obstáculo no caminho do irmão.

Alcemos, cada um de nós, os vôos que somos capazes de alçar. Não invejemos, nem critiquemos os vôos de nossos irmãos.

Coma a carne, beba o vinho, faça de tudo?, mas...

“cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente” Rm 14:5b

“seja qual for o seu modo de crer a respeito destas coisas, que isso permaneça entre você e Deus. Feliz é o homem que não se condena naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvida é condenado se comer, porque não come com fé; e tudo o que não provém da fé é pecado.” Rm 14:22,23